quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Geoestratégia local de sustentabilidade territorial pela geodinâmica, geosítios, o fogo e as luzes do Funchal

No Ano Internacional da Luz e dos Solos... enquanto geólogo leio, traduzo e comunico territórios, revelando e trabalhando recursos locais desde a sua raíz natural. As paisagens são a matéria prima e os produtos da geodinâmica do planeta, mas também o resultado daquilo que sabiamente lhe soubermos acrescentar. Uma interação cuidada com o território determinará a nossa riqueza e bem-estar, e é medida do grau de maturidade de cada comunidade. Em todos esses palcos urbanos assiste-se ao jogo sempre emocionante das nossas próprias vidas, feitas de altos e baixos, tal como os exibidos pelas linhas de paisagem ou intuídos nas intermitências da Luz e do Fogo. Em cada local as formas do relevo são palcos maiores capazes de contar muitas estórias, também as nossas, numa espécie de livros abertos riscados por corpos cintilantes ziguezagueando de um lado para o outro. Cidade que é urbana edificada, móvel, mas também a que nos é sugerida por linhas e contornos impostos por um design natural a tinta d´água, tons ocres e matizes vegetais. Redefinir esses elementos pela Luz e pelo Fogo é recordar origens e uma evolução comum. E se é na noite que todas as estórias se confundem é pela luz que tudo deixa rasto visível, se ilumina e se faz história. Cruzar* de modo intermitente e dinâmico as luzes da cidade com o secular espetáculo de Fogo de Fim-de-Ano no anfiteatro do Funchal - gigante geosítio -, seria criar um espetáculo sem precedentes, de cor e luz que pela primeira vez na história breve dos homens corre em movimento contínuo pelas encostas da serra ao mar, como lava, água e pessoas o fazem. * acautelaria possíveis precauços climatéricos e desencanto a que um espetáculo pontual e de rua está sempre sujeito. E seria este um filme de luz, som e ação único, num exercício que é de memória e re-cocriação de formações e emanções vulcânicas- ora furiosas ora pacientes obreiras do chão que hoje se faz nosso –, mas também da busca do traço de rosto humano esculpido na cidade. Animação essa capaz de nos transportar no Tempo, numa experiência sensível à vista nos diversos palcos das paisagens, ou, pelo sonho íntimo de cada ser. Pela Luz e pelo Fogo, trabalha-se assim a sustentabilidade dos recursos de cada local, fazendo uso da iluminação pré-existente das cidades que durante todo o ano ondulam e realçam os territórios de que emanam, a que acresce um Fogo intenso e inesquecível de Fim, que sempre é Início de um novo ciclo. Luz, Ação e Emoção, através da dinâmica de territórios sempre ricos e inspiradores, capazes de nos atrair e apaixonar ainda mais, até durante a noite...

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