quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Devolução à Origem...No encerramento do Ano Internacional do Planeta









A Terra não se constrói, creio. É algo um pouco mais complexo que fazer um barraco, por muito estético e resistente que resulte. Entende-se, apreende-se a sua realidade, no nosso próprio interesse, dominante, ainda segundo nós mesmos.
Amarrar a superstrutura humana e tecnológica ao firme do contexto natural é assim vital. E para maior equilíbrio nesse exercício na corda Maior, faz falta, entre outras, a espécie geólogo.

Uma nação não é um apenas um Território, mas É antes de tudo, as suas gentes.
Quer-se organismo, vivo, não um sólido e eterno mausoléu frio, a que se convencionou chamar país.

A Geologia não se confina à tarefa de disponibilizar recursos uma e outra vez, como quem escancara mais um qualquer cofre de tesouro (caixa de Pandora...). Hoje o conceito passa obrigatoriamente por repensar todo o ciclo de vida das matérias-prima, que são antes de tudo Recursos de, e para, todos, naturais, e finitos, pelo que a noção de limite impõe-se, mas não agrada.

Predomina ainda em Portugal a mentalidade do país pequeno, das pescas e agricultura que falham por falta de dimensão, qualidade, do poço de petróleo que teima em se esconder... Quando a Questão é, obviamente, a eficiência colectiva, que é pequena. Muita, só mesmo a ganância política, parafuso sem fim para mal de muitos de nós, enrolados, trucidados...

O Sistema não mostra coerência nem dá sinais mínimos de confiança ou capacidade de auto-regulação, seguindo-se apenas em acelerado passo as pisadas ultra-pesadas e nunca, a fórmula de uma viabilidade global compassada, leve, sustentada por boas práticas locais.

É neste quadro que se entende e deve ler a minha caminhada pelo exótico, selvagem e nada virgem mundo laboral nacional, avesso, do avesso.
Fala-se na primeira pessoa, porque tanto as desculpas macroeconómicas como a irracionalidade política reflectem-se e têm rosto. Falo do “meu” caso, porque é bom falar-se do que se sabe melhor, e se cada um fizer o seu trabalho o conjunto será diferente.
Fala-se deste “caso” porque passaram doze anos já desde a universidade, pública, seis dos quais em pleno desemprego, os restantes em precariedade.
Quantos mais serão precisos para se Mudar, pergunto! Ou serei eu a ter que mudar, de país? Como se exportar problemas e pessoas fosse Sustentável, Humano...
E vou ao sítio certo colocar essa Questão, encarada ainda como Problema (para quem?!...)
Se se concluir que é antes de arte que se trata em Geologia, ainda que considerada menor, subsidie-se! Como em tantos outros "teatros" de operação...
Se de vinha/olival a compensar mais o arranque... idem!

Há projecto (-lei...) a mais e país concreto a menos, e é desse assalto ao Poder que também se dá conta aqui, bem como das consequências reais que daí advêm.
Uma delas traduz-se no afastamento de profissões percepcionadas como obstáculos, numa particular visão do mundo ditada apenas por fórmulas fáceis e lucrativas, progresso gelatinoso e instantâneo transformado em % de PIB.
Traduz-se: há quem não saiba trabalhar com a realidade tal como ela se apresenta, e só deformando-a se acha cómodo, custe o que custar e a quem.

Há um puzzle nacional onde certas peças ficam escondidas na gaveta, por troca com outras que não encaixam sequer, restando um retrato retalhado, pálida e distorcida imagem, esgar fantasma sempre além-realidade.
A Engenharia estendeu os seus domínios onde apenas seriam viáveis pontes com outros domínios do Saber, mas a ocupação foi sempre mais tentadora (e primitiva também).
A Geologia é por seu lado, uma dessas peças afastada da selecção nacional, e importa explicar alguns dos porquês, se é que esta Crise (de base expeculativa imobiliária) não o fez já.

É falso que "não há que fazer" nesta área, nem tão pouco é conjuntural a ausência destes profissionais do mercado, antes defeito de fabrico, intencional.

Ao longo destes anos, tenho por várias vezes tentado alertar a Governança para questões que, de uma forma ou outra se relacionam com a minha formação académica, e para os danos, quer pessoais, quer comunitários. Conjunto de graves e inaceitáveis desequilíbrios que, parecendo normais, nada têm de natural ou inócuo.

Hoje, com menos ingenuidade e paciência, tomarei uma medida que considero a que melhor traduz o meu estado de espírito face a um impasse do qual não sou responsável, antes um alvo, não admitindo mais ser peão de idade medieval, simples moeda de troca neste cruel xadrez humano, superficial mas afundado em densos interesses, maiores ou menores mas sempre e apenas de alguns - os mesmos do costume...

É humilhante esta posição em que se colocam os cidadãos, cujo único erro foi terem acreditado num Estado que lhes consumiu tempo e recursos, mas convém ter presente que o seu fracasso é antes de mais o fracasso de quem governa.
Se por outro lado, contra outras vias formativas uma licenciatura hoje nada vale, os responsáveis têm de existir e apresentar soluções de letra maiúscula. São os direitos mais elementares de cada um que assim o determinam, mas também os interesses colectivos, após massivo investimento de bens que a todos pertencem.

Qual a eficácia de um IEFP? Quanto a Universidades... Vomitar gente e perder-lhes o rasto é passível/admissível de ser confundido com Estratégia? Gestão?...
Gastam-se milhões em Formação inútil, num país que se arrasta num interminável queixume de défice de recursos & gente qualificada, para depois se abandonarem Vidas e expectativas, legítimas.

Após fusões indecorosas no ensino superior, apressadas e exclusivas novas oportunidades (para quêm?) e outros eclécticos expedientes para "jovens" num país eternamente infantil, fui, tal como muitos outros portugueses, por fim electrocutado por mais um Choque Tecnológico legal, sempre legal, mas exercício imoral e extremo de exclusão social.

À revelia da classe, e só em 2005 com a catástrofe da seca a assentar arraiais e o país de mão estendida à Europa, o Governo se dignou compor o ramo legislativo dizendo que eram necessárias algumas regras em matéria de água subterrânea.
Ainda bem que há catástrofes para nos meter na linha! Mas, como a seca já lá vai, e é preciso fazer o indicador da economia apontar para cima, libertar o mercado de regras é de novo a regra. Não é que esta lei coxa e desamparada tenha servido ou detido o que quer que fosse, mas é agora, de novo, o braço da lei que volta a torcer.
É o“furo” da esperteza nacional no seu pior! Depois, algo se há-de arranjar, até porque, barragens e demais soluções oportunas alinham-se meritoriamente numa linha de partida (imaginária?!...) desta outra corrida ao ouro.
Onde se acha a Durabilidade aqui?

Da Reabilitação Urbana pós-Polis, vão ser arredados uma vez mais os parâmetros geológicos, nesta que é uma oportunidade histórica única para assentar mais que massa, boas práticas, e fundar salubra urbanidade - com mais Segurança face a catástrofes, eficiência energética, Saúde e Bem-Estar.

De boas raízes depende a qualidade dos frutos, mas o Critério geológico está fora-de-jogo, mesmo antes deste começar…

Como é possível afastá-la da acção quotidiana de uma Protecção Civil? Esgotada em planos de emergência fundada na nobre acção-bombeira, mas de fim de linha. Não chegam já as ausências, os mortos, os prejuízos à vista de todos? Não bastam as repetições de situações, décadas depois, nos mesmos locais e com as mesmas causas? Em que a única coisa que muda é somente a gravidade das ocorrências, a ver-se aumentada!
Espera-se por quê?! Por um Sismo na Capital!? Onde tudo Acontece antes, de facto...
Pode o país ter os melhores médicos, arquitectos, engenheiros, advogados... Que nada adiantarão se tudo cair por terra em breves segundos (como se viu em L´Aquila, onde se plantaram edifícios onde antes haviam couves!).

Não está também nas Actividades do Ensino Básico, na Formação Profissional, nas Novas Oportunidades, na Higiene & Segurança do ACT, na I&D, nas Auditorias Ambientais de modo generalizado (políticas Sanitárias em particular), no selvagem (De)Ordenamento do Território, no típico descontrolo de gastos em Obras Públicas, nem mesmo como atracção em Parques Naturais, onde pululam arquitectos, engenheiros e, uns quantos biólogos, só! E sós! Por entre ruínas (Como convém?!? A quem..?), muitas!

O Estado é o autor-responsável por detrás de todas estas acções destruidoras da coesão nacional - científica, social, económica, territorial – pela inacção a maior parte das vezes, efectuadas em nome de interesses míopes, sem que nunca dê a cara pelo fracasso, à boca da mina...

Urge cumprir a Igualdade de Oportunidades no acesso de todos os portugueses aos concursos públicos, concursos esses que se querem credíveis e rigorosos, para além do mero formalismo. Independência e livre exercício nas carreiras técnicas, será ainda a melhor garantia que os cidadãos poderão ter de efectiva qualidade do serviço público, esquecida por todos desde a lei Cabral.

Porque, existe um outro campeonato sem assistência mas onde o futuro de Portugal se joga muito mais que em qualquer jogo de futebol da selecção.
Porque, é urgente dar a conhecer essa outra selecção, determinante para todos, mas a que apenas alguns, quase nunca os melhores, acedem.

Este é o meu Play Off mais importante, mas também o é para o País.
Alguns de nós sabem o que é Portugal sem a Geologia, faltam muitos mais saberem como poderia Ser com ela. Será preciso ir mais além do que apenas arranjar mais terra, mais riquezas, tal como se pretende com a candidatura portuguesa a mais espaço marítimo apoiado no estudo geológico da plataforma continental.
Saber se isso significará, desta vez, mais e melhor país também, mais no Equilíbrio, na Justiça, para todos!

Falta, no mínimo, manutenção ao país, pelo que começar pelo subterrâneo ainda oculto, seria começar a casa pelo sítio certo.

Temo que sempre que caiem falésias, uma após outra, sem que nada de diferente e significativo se observe por parte de quem tem substantivas responsabilidades, sejam mais que pedras a ruir, mas a própria nação.

Não deveriam fazer lei, ainda hoje, explicações simplistas e redutoras, não em pleno séc. XXI e com a Ciência a dar mais que isso.
Arriscamo-nos a mais não ser que as Filipinas da Europa, não apenas já pela mão-de-obra quase escrava mas pela vulnerabilidade face a fenómenos, que mais não fazem que expor fraquezas de liderança em decisões políticas erradas que se provam não ter sido nunca opções sequer.

A Geologia encontra-se domesticada desde o seu corrompido início, quando em 1869 foi atribuída à Engenharia o couto da sua prática. Desde então o estigma em forma de profundo fosso social permanece.

Não é que ser geólogo seja garantia do que quer que seja, e não o é seguramente, mas, há que perceber que o Padrão-Conhecimento não pode ser obliterado.

Não tenho camião para corte de estradas, peixe, leite, fruta & demais bens de arremesso tradicionais, ou sequer, a gramagem em status social e politico mínima e normalizada para me manifestar, mas tenho algo que tenho a certeza fazer falta desde sempre a sucessivos governos.

Na Era bolsista, este "papel" não apresenta qualquer valor comercial, sei-o pela experiência de uma Vida gasta, a minha. E eis que surge agora a Era Bolonha a ajudar... À higiénica incineração e competente aterro final. Trata-se, no mínimo, de um caso de publicidade institucional enganosa, da qual hordas fósseis de líderes-geólogos (palavras que não conseguem coexistir, espécie-resíduo seco que nunca existiu em definitivo...) ancestrais e presentes, são também máximos co-responsáveis.
Devolve-se por isso o Diploma Universitário. Serve a alguém...?! Duvido.

P.S. E não, os geólogos não são aqueles senhores que vão às estações de serviço verificar se o combustível tem água! Entende-se bem que desse (des)conhecimento não são o comum dos cidadãos os culpados. E convém assentar que sem estes tradutores do planeta não vamos lá, nem as coisas correm de jaguar, como querem fazer parecer Comemorações Internacionais em honra do Planeta (ridículo...). Mas seja lá o que for esse outro estado e lugar, será melhor com toda a certeza se amparado no Conhecimento, todo ele, sem excepção.
Porque à escala natural deste nosso imóvel planetário a arquitectura dá pelo nome de Tectónica, e é bem mais que uma questão de gosto, traço... E nessa outra realidade não cabem marasmos de conveniência ou pequenas vontades, apenas Evolução ou, Extinção.